Publicidade

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Conheça a história de sucesso da Cebra

Alexandre d'Ávila - Sob o domínio do mar

Quando surfa, o empresário consegue pensar no planejamento estratégico da empresa


“O que caracteriza um empreendedor é a persistência”, afirma Alexandre d’Ávila da Cunha, sócio-proprietário da Cebra, empresa de serviços e produtos eletrônicos, de Florianópolis (SC). O engenheiro eletricista é presidente da Associação das Empresas Catarinenses de Tecnologia (Acate) e da Câmara de Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). Possui uma jornada de trabalho diária de 12 horas – quando não estendida para 16. Nada três mil metros todos os dias, de segunda a sexta, e surfa com os filhos nos finais de semana, isso quando não participa de alguma competição esportiva que envolva água. A última foi a sexta edição da Travessia dos Fortes (disputada entre o forte de Copacabana e o forte do Leme), mais tradicional prova de maratona aquática brasileira, realizada no último final de semana de novembro, no Rio de Janeiro (RJ). “Estava curioso para saber como fariam para largar três mil pessoas ao mesmo tempo. Parecia um cardume de anchova. Teve participante que se afogou.”

Logo após a competição na capital carioca, o empresário acomodou-se em uma mesa da filial da centenária Confeitaria Colombo, localizada no forte de Copacabana, tirou seu notebook da mochila e resolveu algumas pendências do trabalho. “Trabalhamos com uma empresa de Taiwan. Então, domingo aqui já é segunda lá. Acabo sempre tendo alguma coisa para fazer.”

O engenheiro, nas horas vagas, não quer saber de tecnologia. “Detesto videogame, já tive Orkut, cancelei a conta, também não uso mais o MSN. Agora, só tenho Skype, mas estou sempre ‘não disponível’. Isso tudo, além de invadir muito a privacidade, atrapalha quando se está no trabalho.” A prática do surfe nos finais de semana foi uma forma que encontrou para ficar com os filhos. O mais velho, com 16 anos, pega onda desde os cinco. E a menina, com 12, está aprendendo. “Ela só entra na água de prancha junto comigo.”

Considera a prática de esportes um momento para liberar o estresse e ficar livre para pensar. “Quem me domina é o mar. Fico refém da natureza e tenho que entrar no ritmo dela. Quando estou em cima da prancha, consigo pensar no planejamento estratégico da empresa, por exemplo. Ou também fazer um agendamento das tarefas, diferenciar o que é urgente, importante e relevante. Dentro da água, é possível ter uma clareza e uma precisão que não são possíveis em um escritório com telefones tocando, computador piscando toda vez que chega uma mensagem nova.”

Cunha nasceu em Alegrete (RS), onde morou por pouco tempo. “Sou filho de bancários, por conta disso, minha família sempre foi um pouco nômade.” Saiu do Rio Grande Sul ainda criança e viveu em várias cidades catarinenses. “Apesar de gaúcho, não sei andar a cavalo, não gosto de chimarrão, sou torcedor do Figueirense e apaixonado por tudo que envolva água”, diz.

Aos cinco anos de idade, começou a fazer aula de natação. Na pré-adolescência, quando morava em Laguna, litoral sul de Santa Catarina, despertou o interesse pelo surfe. Mas só foi aprender o esporte ao mudar-se para Joinville, no norte do Estado. Lá todos os seus amigos pegavam onda. “Comecei a surfar em 1978, na Prainha, em São Francisco do Sul. Nadar desde pequeno facilitou bastante meu aprendizado.” Ainda garoto, chegou a participar de competições de natação pelo Joinville Tênis Clube.

Da sua paixão pela água, surgiu a vontade de tornar-se um engenheiro naval, mesmo sem saber o que envolvia essa profissão. Quando teve que escolher para qual curso prestaria o vestibular, como a oferta de graduação em Engenharia Naval era muito escassa no país, acabou optando por Engenharia Elétrica. “Adorava desmontar e montar radinhos quando era pequeno”, diz. Mas, assim que entrou na universidade, ingressou no time de pólo aquático.

Emendou um Mestrado em Eletrônica de Potência na graduação. Em 1988, durante o curso, ele e mais três colegas tiveram a idéia de abrir um negócio para fabricar produtos eletroeletrônicos. Os quatro trabalharam em diferentes empresas do ramo, para compreenderem um pouco sobre o funcionamento de um empreendimento na área. “O que se aprende na universidade é a técnica, puramente, e apenas 25% de uma empresa corresponde a esta parte”, explica Cunha.

Depois de terem absorvido tudo o que julgavam necessário, lançaram-se ao desafio de abrirem um negócio próprio. Em junho de 1990, os quatro sócios fundavam a Cebra Conversores Estáticos Brasileiros Ltda., dedicada ao desenvolvimento e à fabricação de conversores e fontes de alimentação chaveadas. “Não havia concorrência no Sul do país. Os produtos importados eram muito caros, mais de 50%.”

Com tecnologia própria, a Cebra oferece ao mercado produtos sob encomenda, que são utilizados em automação bancária, comercial e industrial, telecomunicações e em aplicações especiais. A capacitação tecnológica é constantemente atualizada através de um convênio de cooperação técnica com o Instituto de Eletrônica de Potência (INEP) da Universidade Federal de Santa Catarina, da participação em feiras e congressos nacionais e internacionais, além de pesquisas desenvolvidas na própria empresa. Em 1999, houve um incremento em seus processos com a implantação do Sistema ISO de Gerenciamento da Qualidade.
Em 2006, a empresa comemora 16 anos de existência. “Nossa sociedade está durando mais do que muitos casamentos”, diz Cunha. Hoje, são capazes de produzir 782 produtos diferentes, atendem, em média, a 60 pedidos mensais e possuem uma carteira de cerca de 130 clientes ativos. Uma das principais dificuldades no começo foi, justamente, formar uma clientela. “Quando íamos apresentar um produto para alguma empresa, o que ouvíamos era ‘vocês são muito pequenos, voltem depois’.” De tanto tentar, acabaram conseguindo. “Com bons clientes na carteira, é mais fácil atingir outros em potencial.”

Atualmente, Alexandre da Cunha se ocupa mais das questões administrativas do que das produtivas da Cebra. Um dos motivos foram os novos cargos que vem assumindo desde 2000, quando se tornou vice-presidente da Acate. Em 2004, foi eleito presidente. Um dos objetivos de se candidatar a esta função foi perder a timidez. O empresário diz incorporar um personagem quando tem que representar a entidade. “Quer ver quando eu coloco um paletó e uma gravata.” O cargo deu a ele a desenvoltura e o traquejo necessários para atuar no meio empresarial.

Nesses seis anos na entidade, preocupou-se em estabelecer ações que cobrissem tanto a área de software quanto a de hardware. O primeiro grande projeto foi a criação do Laboratório de Eletromagnetismo e Compatibilidade Eletromagnética, em parceria com a UFSC, para realização de testes em equipamentos, padronizando-os dentro das normas nacionais e internacionais. Na área de software, foi feito o projeto Plataforma de Tecnologia da Informação e Comunicação (Platic), que tem por objetivo oferecer um conjunto de ferramentas que permitam a melhoria da competitividade das empresas do setor. “Temos que desenvolver iniciativas benéficas para um conjunto de pessoas e de empresas.”

O presidente da Acate também fez dela uma das parceiras estratégicas do programa Juro Zero, que oferece linhas de crédito sem juros às empresas que focam sua estratégia na inovação tecnológica. No total, serão aplicados R$ 20 milhões na economia catarinense, num prazo de 18 meses.

Também está presidindo a Câmara de Tecnologia da Fiesc, a convite do presidente da entidade, Alcântaro Correa. Nesta atividade, busca unir os interesses das empresas de tecnologia com os das tradicionais, não tecnológicas, mas que precisam de inovação. “A tecnologia é uma das diretrizes estratégicas, e os novos empreendimentos de base tecnológica, uma macrodiretriz desta gestão da Fiesc. Há uma convergência de interesses entre a Acate e a Federação. Portanto, meu papel pretende contribuir decisivamente para que o sonho de muitos catarinenses, que Santa Catarina seja um Estado tecnológico de fato, se realize.”

PERFIL

Idade: 42 anos
Local de nascimento: Alegrete (RS)
Formação: Engenharia Elétrica
Empresa: Cebra - Conversores Estáticos Brasileiros Ltda.
Ramo de atuação: Indústria eletrônica
Ano de fundação da empresa: 1990
Número de funcionários: 93
Site: www.cebra.com.br

Os perfis de empreendedores destaques do ano de 2006 serão atualizados diariamente no site Empreendedor. São seis homens e quatro mulheres que dão exemplo de empreendedorismo em áreas cada vez mais amplas no Brasil, desde indústria e comércio até responsabilidade social e agronegócio.

Camila Stähelin
http://www.empreendedor.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário